sexta-feira, fevereiro 16, 2007

E nada acontece!

Pessoal,

Ter um blog é uma forma excepcional de expressar suas idéias, desabafar, dividir suas angústias e ansiedades mesmo que praticamente ninguém o leia.

Sinceramente, preciso desabafar que não aguento mais isso aqui. O Rio (quem sabe o Brasil) pra mim chegaram ao fim. Há alguns anos nós não podemos mais sair de casa, cada vez mais e mais empresas saem do Rio por conta da violência, não sabemos se vamos conseguir voltar pra casa à noite e a cada dia que passa aumentam os casos de violência. A imagem que me vem à cabeça é que eu estou em uma sala fechada, em cima de um barril, a sala está cheia de ratos que não param de se multiplicar, eu já estou de pé no barril e eles já estão subindo na minha perna.

É impressionante! Nossa polícia já está corrompida há muito tempo, nossos políticos então nem se fala. Mas a sociedade carioca também está corrompida. Andando pela rua, você vê milhares de camelôs ocupando as calçadas. Kombis, vans, ônibus, taxis e motoristas mais espertos que os outros fazem do trânsito um show de irregularidade e falta de educação. As ruas cheiram mal, são sujas, mal cuidadas.

Em relação à violência então, nem se fala. O que me deixa mais revoltado é que depois dos ataques em SP o congresso veio dar um showzinho na TV, dizendo que ia votar as leis, que ia destrancar a pauta de segurança e....NADA! E agora, depois do assassinato do João Hélio, voltou a fazer o show de novo. O que me deixa de saco cheio é esses babacas dos ditos 'especialistas' dizendo que são contra tudo o que está sendo proposto aí. Incluindo a tal da Ellen Gracie, que parece a Hebe do Judiciário.

É mole dizer que são contra. A violência raramente atinge esses caras. O que me deixa com nojo é que as sugestões são sempre genéricas, sempre 'Macro'. A culpa é da sociedade, a culpa é da falta de emprego, do abismo social que separa ricos e pobres. Tá bom amigão, e daí?!? Vai fazer o que no curto prazo?!? Concordo que tem que dar educação, emprego, e etc, mas e nos próximos 6 meses / 1 ano? Pára de falar abobrinha e AGE, porque aqui embaixo ninguém aguenta mais!

É isso...tô realmente de saco cheio disso tudo.

Abraços.

sábado, fevereiro 10, 2007

Um grande vale-tudo

Publicado ontem no blog 'No front do Rio', do Globo On.

Acho que cada um deveria fazer uma reflexão e ver se está realmente fazendo sua parte e incentivando outras pessoas a fazerem.

Abraços.

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Fazia tempo que eu não chorava. Mas aí veio João. Um amigo ofereceu-se para executar os bandidos - com a condição de que fosse em cadeia nacional. A mãe de uma amiga, conhecida por suas atitudes ponderadas, seu jeito sereno e seu discurso pacifista, quer vê-los no cemitério. De minha parte, preferia que esses facínoras passassem o resto da vida - que deve ser curta - encarcerados, apodrecendo numa prisão. Arrastar criança em carro ou queimar bebê em ônibus é de uma violência tão inominável que não dá para ser misericordioso.

Mas um país não se torna selvagem de uma hora para outra. A barbárie se constrói aos poucos. Não consigo deixar de pensar que matamos João também quando votamos em Maluf, elegemos Collor e damos habeas corpus ao juiz Lalau. Que matamos João quando permitimos que a polícia massacre jovens nas favelas, quando deixamos que motoristas de ônibus avancem o sinal ao meio-dia de uma rua movimentada, quando lamentamos "o absurdo da violência" enquanto cheiramos pó.

Que matamos João quando concedemos liberdade provisória a bandidos que não voltam para a cadeia, quando permitimos que as favelas cresçam de modo desenfreado, quando deixamos na rua Sérgio Naya, os assassinos do índio Galdino, os donos do Bateau Mouche e tantos outros indivíduos de pés descalços ou colarinhos brancos.

Em 1922, o cronista Figueiredo Pimentel - ou Edison Pereira, não sei ao certo - cunhou uma frase que se tornou célebre: “O Rio civiliza-se”, para falar de uma cidade que se modernizava. Oitenta e três anos depois, outro cronista disse: "O Rio brutaliza-se".

Escrevi isso aqui, no dia 24 de outubro de 2005, depois de ver dois pitboys caminharem com dois pitbulls num sábado à tarde, no Aterro do Flamengo. Os cães estavam sem coleira, focinheira ou enforcador, e passeavam livremente em meio a dezenas de crianças pequenas.

Agora, um ano e meio depois, o slogan deveria ser outro: "O Rio barbariza-se". Quantos de nós, no dia-a-dia, não cometemos pequenas - ou grandes - irregularidades que vão se somando para criar a sensação de um grande vale-tudo? Em meio ao pranto por João, a hora é de cobrança por menos impunidade e de um exame de consciência, para que possamos sonhar em dizer um dia: "O Rio humaniza-se".

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Barbárie

Pessoal,

Fiquei extremamente chocado com a notícia que li agora de manhã. Um menino de 6 anos foi morto depois que dois animais roubaram um carro e não deixaram a mãe soltar a criança do cinto de segurança. O menino foi arrastado por diversos bairros até que os dois abandonaram o carro com o menino já morto e ainda pendurado.

O episódio é tão chocante, tão repulsivo, que dá um sentimento de enjôo aliado ao medo e à falta de esperança e perspectiva de viver em um lugar desses.

Infelizmente eu já vinha cantando a pedra: acabou o confete da posse. Voltamos à programação normal. Os bandidos passaram por 4 (quatro!!) bairros, e não cruzaram com nenhum policiamento!!! Como é que pode?! Tudo bem, a polícia não é onipresente, mas 4 bairros!?!? E em ruas de intensa movimentação!!

Realmente...tá desanimando...tá cada vez mais difícil não concordar com quem diz que o aeroporto é o melhor caminho.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A essa hora?

Pessoal,

Nesse exato momento em que escrevo aqui são 17h25. Estou ouvindo tiros aqui perto da minha casa há mais ou menos uns 10 minutos. Essa semana já é a terceira vez.

O que me espanta é que a normalidade continua. Cheguei agora na minha janela e as crianças continuam brincando na rua, como se já estivessem acostumadas e suas mães idem.

E aí Serginho? O que fazer?!?

Abraços.

Rio Body Count

Pessoal,

Foi criado agora no início do mês o site www.riobodycount.com.br . Esse site é inspirado em um site que conta os mortos e feridos todos os dias no Iraque (www.iraqbodycount.org). Confiram lá, é impressionante!

Já coloquei um link aqui do lado direito.

Por falar em Iraque, essa semana assisti a uma matéria na Band News, que dizia que os médicos das emergências cariocas estão se tornando especialistas mundiais em tratamento de feridos por arma de fogo de grosso calibre. Na reportagem, um médico do hospital da PMERJ que fez residência em Israel, disse que uma semana em uma emergência de um hospital do Rio equivale a um mês do hospital em Israel, que fica perto da fronteira com o Líbano, no que diz respeito a ferimentos por arma de fogo. É ou não é uma guerra declarada?

Abraços.

Nada mudou...

Pessoal,

Como eu já tinha previsto, o governo mudou mas as velhas práticas continuam. O Serginho já disse que vai contingenciar verbas da educação também, ao contrário do que havia dito no início do mês passado. O curioso é que uma matéria do jornal O Globo disse essa semana, que não houve corte para os apadrinhados políticos dele. Alguma lembrança das práticas do casal nefasto?

Por enquanto pra mim nada mudou. Só tô vendo confete. Tudo bem que o cara não vai conseguir terminar com um quadro que se arrasta há anos, em um mês, mas eu tô sentindo que ele vai demonstrar mais firmeza e essas coisas, mas por baixo do tapete nada vai mudar. Na capa do Jornal do Brasil da semana passada havia uma matéria estampada dizendo que o policiamento da Linha Vermelha, tão anunciado, havia sumido! Estava maior do que antes do plano de policiamento, mas bem menor do que o efetivo que foi alardeado.

Felizmente (ou infelizmente, não sei) eu ainda moro no Rio. Torço pra isso tudo dar certo, até porque por enquanto não tenho outra saída, e toda a minha família mora aqui. Só acho também, como já disse aqui, que tem que partir do povo. O povo carioca tem que respeitar a si mesmo e aos outros que estão a sua volta. O que vemos hoje em dia é uma completa falta de respeito em todos os lados. Do trânsito ao metrô, passando por uma ida à praia. É aquilo né, se ninguém sente uma repressão, um exemplo vindo de cima, não se sente na obrigação de respeitar nada nem ninguém...

Abraços.